O projeto Mundo por Terra – Latitude 70 nos deu a oportunidade de conhecermos um mundo completamente diferente do que estamos acostumados no Brasil: o mundo de latitudes e frio extremos. E uma palavra comumente citada nesse meio é “PERMAFROST”.
Permafrost (do inglês perm: permanente + frost: congelado) ou Pergelissolo, em português, é um tipo de solo composto de terra, gelo e rochas permanentemente congelados (congelados mais de 2 anos consecutivos), que encontra-se a uma temperatura abaixo do ponto de congelamento da água, possuindo ou não água em sua composição. É característico das regiões polares (Ártico e Antártica) e de grandes altitudes (alto das montanhas), onde a temperatura média do ar é igual ou inferior a 0°C. Aproximadamente 20% da superfície terrestre se enquadra nesta classificação de solo, bem como 25% das terras do Hemisfério Norte (em sua maioria na Sibéria, norte do Canadá, Alasca e Groelândia).
Durante o inverno o permafrost fica coberto por uma espessa camada de gelo e neve e no verão, quando essa camada superficial derrete, fica coberto por pântano, já que a água não é absorvida pelo solo congelado. Em áreas onde há invernos rigorosos, o permafrost pode atingir centenas de metros de profundidade (Alasca) ou até ultrapassar mil metros, como acontece na Sibéria, Rússia. Até 100 metros de profundidade, o permafrost formar-se relativamente rápido, mas o que passa disso, pode levar até milhares de anos para congelar.
Este é um solo muito instável devido ao congelamento e o descongelamento cíclico das águas subterrâneas situadas nas suas camadas superficiais. Essa característica afeta seriamente a construção de edifícios, estradas e outras obras de infraestrutura nessas regiões. Algumas obras modernas construídas em regiões de permafrost são: a cidade russa de Yakutsk que tem todos os seus edifícios construídos sobre palafitas; o oleoduto Trans-Alasca; e a ferrovia BAM (Baikal-Amur Mainline) na Rússia.
Quando visitamos o Museu da BAM na cidade de Tynda, achamos engraçado o comentário da guia do museu, que falou que muitos visitantes questionam o porque da ferrovia possuir tantas curvas, já que essa região da Rússia possui terras vastas e relativamente planas. Segundo ela, eles não fazem nem ideia da existência do permafrost que foi um dos grandes desafios encontrados pelos engenheiros civis e militares que construíram essa obra. Muitos desvios tiveram que ser feitos para evitar o pergelissolo, um solo nada estável para a construção de uma ferrovia.
Segundo cientistas, biólogos e arqueólogos, o permafrost é muito importante para a humanidade, pois como se manteve congelado por milhares de anos, preservou restos de plantas e animais que habitaram essas terras no passado. Como exemplo, nos últimos anos foram encontrados mamutes que viveram há mais de dez mil anos atrás, inclusive um filhote quase intacto. Mas o permafrost, que hoje é uma fonte de conservação de fósseis, com o aquecimento global pode causar um grave problema ambiental: estudos mostram que ele está derretendo, o que resultará na decomposição desses restos de seres vivos (antes congelados) e consequentemente numa grande emissão de gás metano e dióxido de carbono para a atmosfera, agravando ainda mais o efeito estufa. A quantidade desses gases pode ser até quatro vezes maior do que o emitido pelas atividades humanas na era moderna.

O mundo é cheio de surpresas não é? Quantas coisas que não sabíamos… Tudo muito interessante!
Leones M. Rudnick
Realmente, certas coisas deste mundo só se aprende "in loco". Mas, mesmo estando aqui no Brasil, aprendi algo novo. Parabéns e obrigado!
Francis Ulfeldt